Missão
Olhar brasileiro às dificuldades do Haiti
Padre Rogério Mosimann da Silva relata sua experiência no país com sérios problemas sociais
Há um ano (no dia 28 de abril de 2015) o padre Rogério Mosimann da Silva chegou ao Haiti para reforçar a missão dos jesuítas brasileiro na capital do país, Porto Príncipe. O ex-capelão da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) voltou à instituição na última semana para dividir com antigos colegas, acadêmicos e a comunidade o seu olhar sobre as dificuldades do local, que ainda luta para se reerguer do terremoto ocorrido no ano de 2010.
Interrompido a todo momento pelos participantes curiosos sobre as condições do país, padre Rogério confirmou a vida difícil dos moradores de lá, que sofrem com problemas diversos como violência, escassez de energia elétrica e água, analfabetismo, corrupção dos representantes políticos, falta de oportunidades, deficiência ou inexistência de serviços de saúde.
“Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela população, é constante o sorriso no rosto, a alegria e a receptividade”, avaliou. De acordo com o padre Rogério, um dos principais problemas atuais do Haiti vem sendo com a formação de seu governo. “Ainda não ocorreram as eleições diretas e o presidente substituto, que deveria ter convocado eleições gerais para o dia 24 de março, não o fez”, explicou.
Para o ex-capelão da UCPel, assim como ocorre em vários países da América Latina, lá a classe política também se encontra distante do povo. “O Haiti ainda está dividido e sem uma grande liderança, por isso fica difícil criar uma estabilidade”. O ensino do país é privado e caro, o que torna altos os índices de analfabetismo por lá. A saúde também é precária.
O padre Rogério também comentou sobre o papel da Igreja Católica no território. Para ele, apesar de iniciativas interessantes mas isoladas, a Igreja ainda não consegue estar à altura dos desafios que apresentam o país. A população é predominantemente católica, mas cresce a presença de outras religiões como a Igreja Pentecostal e permanece a presença de religiões africanas, como o vodu.
Danos são visíveis nos prédios
Ainda é possível, e em especial no centro de Porto Príncipe, ver escombros e muita destruição. De 2010 para cá diminuiu muito a quantidade de entulhos, mas a catedral e o palácio do governo, por exemplo, ainda permanecem destruídos. O trânsito, conforme contou, é caótico e a falta de energia elétrica faz com que não existam semáforos. Protestos desordenados também são frequentes, sem pautas específicas e geralmente acabam dando espaços para atos de violência.
Passado ainda presente
Na avaliação de padre Rogério, os graves problemas enfrentados pela população haitiana são anteriores ao terremoto e surgiram antes da sua independência da França. O Haiti acabou com a escravidão 84 anos antes do que o Brasil. Devido a isso, pagou um alto preço porque outras nações escravistas não toleraram o exemplo de libertação impondo embargos econômicos, reprimindo e ameaçando a população.
Há 16 anos
O terremoto no Haiti aconteceu às 16h53min do dia 12 de janeiro de 2010. Teve seu epicentro na parte oriental da península de Tiburon, a cerca de 25 quilômetros da capital Porto Príncipe. O Serviço Geológico dos Estados Unidos registrou uma série de pelo menos 33 réplicas sismológicas. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha calcula que cerca de três milhões de pessoas tenham sido afetadas.
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